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"Encontros com Autor" tem bate papo com Jamil Chade no Esporte Clube Pinheiros

09/05/2018

Autor de “O caminho de Abraão” falou sobre a situação da Síria e da Europa, de identidade cultural e da manipulação econômica da guerra

Nessa segunda-feira (7), o Sindi Clube realizou no Esporte Clube Pinheiros mais uma edição de “Encontros com o Autor” e recebeu o escritor e correspondente internacional do jornal O Estado de S. Paulo em Genebra, Jamil Chade. Um bate papo com os associados marcou o lançamento e noite de autógrafos de sua primeira obra de ficção: “O caminho de Abraão - fé, amor e guerra em travessias separadas pelo tempo”, da editora Planeta. A conversa teve mediação de Diogo de Godoy Santos.

O livro expõe a trajetória da personagem Hagar, filha de imigrantes argelinos e muçulmanos que supera todas as limitações de sua vida na periferia de Marselha para estudar nas melhores universidades da França e luta por ser reconhecida por sua identidade étnica. Contratada por uma multinacional francesa, ela é enviada para coordenar investimentos milionários de uma fábrica de cimento na Síria, antes da guerra.

“Baseado em fatos reais, a fábrica de cimento existe realmente na Síria, entrelaço a história de Haga com à de milhares de sírios que tentam driblar diariamente a morte para escapar dos horrores da guerra e a tocante história de Abraão, o patriarca das maiores religiões do mundo”, disse Jamil.

Segundo ele, “nessa busca por uma identidade, a jovem se vê cumprindo ordens criminosas de sua direção da multinacional francesa, levando propina para a fábrica de cimento continuar a funcionar quando a guerra começa, em 2011, e alimentar o Estado Islâmico e seu líder radical Bashar al-Assad, mas contra todos os seus princípios éticos, morais e religiosos”, continua.

Para o jornalista, que vive de perto e relata a situação diariamente em suas reportagens sobre os milhares de refugiados na Europa, “a Síria por muito tempo será responsável pela maior crise humanitária, mas não está sozinha. O maior paradoxo nisso tudo é que os europeus hoje se perguntam quem os representa, pregam a igualdade entre europeus e imigrantes, mas não aplicam porque os países pobres são os que mais recebem refugiados,  e o dinheiro de suas multinacionais vão para o bolso dos mesmos fanáticos religiosos que colocam bombas em suas cidades. Ou seja, nem um lado e nem o outro têm interesse em finalizar o confronto porque todos lucram com a guerra”, completou.


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